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domingo, 18 de março de 2012

iPIM, o Parque Tecnológico de Manaus

O ex-ministro chefe da Casa Civil, no primeiro governo Lula, José Dirceu, escreveu, em 10.03.2012, no seu "Blog do Zé" o seguinte:

"Mudanças para levar a indústria brasileira ao século XXI

O diagnóstico da estagnação e dos riscos da indústria brasileira já está feito. A participação da indústria de transformação no PIB era, ao final de 2011, de 14,6%. Comparando o índice brasileiro com dados para 2010 da ONU, países como China (43,1%), Coreia (30,4%) ou mesmo Alemanha (20,8%) têm participação muito maior de sua indústria no PIB. São muitos os fatores que levaram a isso: os altos custos dos encargos da mão-de-obra (32,5% na folha); o alto custo do capital (juros e spreads" bancários); a apreciação do câmbio, que aumentou a concorrência, em nosso mercado interno, com produtos importados; os custos elevados dos insumos; a necessidade de investimentos na infraestrutura do país; a necessidade de uma política de inovação .
...
E, fundamentalmente, precisamos alimentar as raízes do futuro: fazer uma revolução na educação e na inovação. Só com uma mudança tecnológica efetiva na matriz de nossa indústria é que vamos concorrer no novo mundo do século XXI."
Vamos escolher umas keywords: "a necessidade de uma política de inovação", "fazer uma revolução na educação e na inovação", "mudança efetiva na matriz de nossa indústria."

E em 06.03.2012, José Dirceu havia publicado:

"Urge enfrentarmos os desafios da economia mundial
A queda dos preços das commodities e a desaceleração do crescimento da China, um dos nossos principais compradores de commodities, já eram esperados. E o eram, porque já haviam sido anunciados."
...
[Acrescento: isso não é novidade para ninguém, o crescimento das nossas exportações, nos últimos anos, ocorreu, em boa medida, graças ao crescimento extraordinário China, e a sua demanda pelas nossas commodities.

“Ocorre que o crescimento da participação de commodities na nossa pauta de exportações tem sido contínuo e significativo o que implica em menor remuneração aos exportadores, uma vez que tais produtos se diferenciam no mercado mercado internacional pelo preço baixo e não necessariamente pela qualidade percebida. Tal fenômeno tem ocorrido em decorrência ainda da grande participação da China no cenário internacional, que tem atuado de forma compradora em decorrência de sua transformação econômica.” [blog da Revista do Autor -link no post scriptum]

Continua o blog do José Dirceu:
...
Precisamos acelerar os investimentos na inovação,na educação e na infraestrutura, na integração Sul-Americana, inclusive, ainda, em toda nossa política comercial e de exportações, sem ilusões sobre a situação internacional.
Keywords: "investimentos na inovação, na educação e na infraestrutura"

Vamos juntar todas as palavras chaves:

“a necessidade de uma política de inovação”, "fazer uma revolução na educação e na inovação", "mudança efetiva na matriz de nossa indústria","investimentos na inovação, na educação e na infraestrutura", "* melhorar a qualidade da pesquisa","** ampliação do parque tecnológico e o reforço no investimento em pesquisa e inovação".

As frases (*) e (**) não constam no texto de Zé Dirceu, constam em matéria publica no jornal Em Tempo do dia 11.03.12, sobre o novo campus da UEA Assunto que abordado no post, A UEA e o seu Science Park",mas se enquadram muito bem no objetivo deste deste texto.

Mudança na matriz tecnológica

Em alguns textos aqui deste blog foi dito que a ZFM precisava de uma política de Estado, algo vindo lá de Brasília e, que se ela foi criada para ocupar a floresta, agora precisava ser inserida em uma nova política industrial, porque por mais que a Suframa se esforce, não vai conseguir implantar as mudanças necessárias, sem apoio político de todos, principalmente do Poder Central. E o que significa "precisamos" escrito por José Dirceu ? Acredito que todos nós, isto é, o Brasil de norte a sul, precisamos rever a nossa matriz industrial. E quem deve liberar esse processo é o governo federal; então, precisamos de uma política industrial inovadora, educacional de Estado.
Mas agora quem está falando em uma mudança da matriz industrial é um político importante da cúpula do PT, foi chefe dos ministros, e é do partido que governa o país.
Eu deixei meu comentário no Blog do Zé Dirceu. Já faz algum tempo que venho repetindo isso como um mantra. Há outras pessoas repetindo também, não sou o único, mas parece que finalmente a ficha caiu. E esse assunto nos diz respeito, e muito. O PIM faz parte do Brasil. Na sua existência reside a nossa sobrevivência.

Não vou ficar aqui repetindo eu disse, eu disse, eu avisei..., mas o perfil de nosso parque industrial precisa mudar, e mudar muito; de empresas de produção em massa para firmas de base tecnológicas, produzindo bens de maior valor agregado, maior produtividade, mais competitividade. A frase seguinte é perfeita para nós, aqui da ZFM: "Precisamos alimentar as raízes do futuro: fazer uma revolução na educação e na inovação. Só com uma mudança tecnológica efetiva na matriz de nossa indústria é que vamos concorrer no novo mundo do século XXI."
Não sejamos ingratos com as empresas aqui instaladas, e que nos propiciaram o padrão que hoje temos. Estamos falando de termos novas empresas, as chamadas empresas inovadoras, para saímos de um sistema regional de produção para um sistema regional de inovação. O que ficou claro nos excertos citados é a necessidade de sermos inovadores, e para tal precisamos de um novo parque industrial, nós precisamos de um science ou technology park, precisamos criar o Parque Tecnológico de Manaus.

Mesmo antes da existência deste espaço, em escritos em pdf, eu defendia a transformação do Polo Industrial de Manaus (PIM), num knowledge-based cluster; por essas bandas traduzido como cluster de base tecnológica, ou cluster tecnológico, ou cluster intensivo de conhecimento. Agora vou apresentar ao e-leitor outras denominações, science park ou technology park.

Talvez o meu approach estivesse um pouco equivocado, ao propor (várias vezes) a transformação do PIM, de distrito industrial (vou repetir aqui: um conceito alfred-marshalliano) para um cluster tecnológico (conceito michael-porteriano - (http://www.isc.hbs.edu). Estava propondo - mal comparando - transformar um televisor preto e branco (mesmo que de boa qualidade) em um televisor colorido, o que é impossível; ou o Vivaldão na Arena da Amazônia, o que seria extremamente trabalhoso, e sem garantia de êxito. A proposta agora, embora o resultado final seja o mesmo, é criar o Parque Tecnológico de Manaus ou Manaus Technology Park.

Parque Tecnológico

O site do Investe São Paulo - Agência Paulista de Investimento e Competitividade - define Parques Tecnológicos como "Mecanismos consolidados mundialmente como plataforma de desenvolvimento de ciência, tecnologia e inovação, os parques tecnológicos têm como objetivo promover e incentivar o desenvolvimento econômico e tecnológico, por meio da atração de investimentos e da geração de novas empresas intensivas em conhecimento" . Disse tudo.
É uma concentração de empresas inovadoras, high tech, com tecnologia de ponta ou estado-da-arte. Existem vários pelo mundo e são chamadas de science ou technology parks. O de Bangalore, por exemplo, sempre citado por mim, o seu nome oficial é Software Technology Parks of India, Bangalore.

Observe o e-leitor pouco a ligado no economês, que as economias pobres e com grandes populações (a China no passado) são chamadas de intensivas de mão-de-obra (barata); as ricas, de intensivas de capital. Agora ser intensiva de capital não é suficiente, embora necessária, é preciso ser intensiva de conhecimento.

Vamos abrir um parêntese aqui: a China causa medo, porque agora é intensiva de mão-de-obra e de capital, além de manter a sua moeda artificialmente desvalorizada. Não tem como competir com ela. Ela ainda vai fazer muitas empresas estrangeiras fecharem as portas. Fecha parêntese.

O Investe São Paulo acrescenta: "A partir da integração entre universidades, institutos de pesquisa, setor privado e órgãos públicos, busca-se assegurar o desenvolvimento de atividades intensivas em conhecimento e tecnologia, com a criação de um ambiente favorável ao surgimento de novas empresas de base tecnológica, à geração e difusão do conhecimento e ao fomento da capacitação tecnológica em setores-chave para o desenvolvimento nacional"[ou regional].
Releia com calma, você leu muito rápido. Preste atenção nas seguintes palavras: "integração entre universidades, institutos de pesquisa, setor privado e órgãos públicos", "desenvolvimento de atividades intensivas em conhecimento e tecnologia, novas empresas de base tecnológicas, fomento da capacitação tecnológica." Essa é a própria definição de cluster, visite o site de Michael Porter, professor de Harvard, citado acima.

Academic Gossip
(leitura opcional - pode ser pulada sem comprometer o entendimento do post)

Sou forçado pelas circunstâncias a abrir outro parêntese, e esse será um pouco mais longo. Ao ler a definição acima chego à conclusão que alguém está fazendo o dever de casa. Volte à primeira definição: "Mecanismos consolidados mundialmente como plataforma de desenvolvimento de C,T&I". Isso nada mais é do que um cluster tecnológico baseado no conhecimento ou de base tecnológica, várias vezes mencionado e defendido nesse blog. E daí?

Na VI Feira Internacional da Amazônia, realizada de 26 a 29 de outubro do ano passado, houve um seminário, coordenado pela SECT, com a presença de um pesquisador finlandês [já escrevi sobre isso, em "A ZFM acabou"
(http://nogueiraclaudio.blogspot.com/2011/11/zfm-acabou.html] que palestrou sobre clusters tecnológicos em diversos países. No mesmo seminário, palestraram antes e depois do finlandês, o casal José Cassiolato e Helena Lastres, conhecidos pesquisadores. E na sua fala, ela deixou evidente, o que é muito comum em alguns pesquisadores no Brasil, o desconhecimento (no que eu não acredito) e/ou a aversão ao conceito de Knowledge-based cluster (nisso eu acredito). O desconhecimento eu percebi, quando pesquisava para o doutorado, em textos de autores nacionais quando misturavam as coisas. O que a professora Helena fez, no seminário, foi mostrar indiferença ao dizer, que não entendia bem sobre o assunto, pois não entende bem inglês, pois o pesquisador finlandês falou em inglês. Ou ela mentiu na palestra ou mentiu na Plataforma Lattes, pois lá no seu CV ela diz que é doutora pela University of Sussex, na Inglaterra, e com certeza, ela, lá, não estudou em português.

O que desejo registrar, antes que o Vicente Nogueira me critique e diga que ela entrou no texto como Pilatos no Credo, é que alguns pesquisadores tupiniquins, como ela, torcem o nariz quando ouvem as palavras clusters tecnológicos, mas ainda assim os citam, misturando alhos com bugalhos. É que ainda estão com o conceito de "arranjos produtivos", o que é outra coisa. A propósito, ela apresentou-se - se não me falha a memória - como assessora ou coisa parecida, de arranjos produtivos do BNDES. Arranjo produtivo é arranjo produtivo, distrito industrial é distrito industrial, cluster tecnológico é cluster tecnológico. Vírus não é bactéria, nem vice-versa. Nem se tem virose a partir de bactéria. Mas há muito texto misturando as coisas: “... arranjos produtivos em Pernambuco”, para no mesmo texto chamá-lo de “aglomeração de empresas ou clustering)...” Fecha parêntese.

Manaus Science ou Technology Park

Parque tecnológico e muito mais que uma simples questão conceitual. Está umbilicalmente relacionado com o perfil da indústria instalado nele. Sua missão é atrair investimentos de tecnologia de ponta, propiciar a geração de empresas inovadoras através de incubadoras. São, na sua grande maioria (mas não necessariamente), compostos de empresas voltadas para a exportação. A agência ou instituição que administra o parque oferece uma gama de atrações, principalmente de infraestrutura (transportes, energia, IT&C,etc.). Alguns parks oferecem até mesmo instalações prediais. Produzem produtos de maior valor agregado. O que é isso ? Compare a evolução de features em uma motocicleta com um aparelho celular. O que foi que mudou em uma motocicleta, mesmo com a tecnologia mais avançada, nos últimos dez anos ? E o que mudou em um telefone celular ? Do tamanho de um tijolo, para uma coisa que cabe em qualquer bolso, tem mais de um chip, filma, faz download de música, tira foto, conecta-se a Internet, etc. etc.

Visite o site do Investe São Paulo e veja o que ele oferece como atração, algo muito mais do que terreno a preço baixo (lembre-se que o parque deles ainda não está consolidado - na realidade não é somente em um local). Nós oferecemos isso e isenção fiscal. O que pode ser (e tem sido) um grande diferencial. Mas não foi suficiente para atrair empresas de tecnologia de ponta, nem para trazer para o PIM a indústria de tabletes (prefiro o vernáculo) e nem impediu que empresa de duas rodas tenha preferido ir para o nordeste. Somos carentes de infraestrutura e de knowledge workers ( releia o post A Zona Franca acabou sobre os 40 PhDs), trabalhadores do conhecimento (termo muito usado nos dias atuais, mas que tem a minha idade. Foi cunhado por Peter Drucker, em 1959, no livro Landsmark of Tomorrow). Precisamos formá-los até termos uma massa crítica. Se a nova UEA for “se consolidar como uma das instituições de ensino mais importante do Brasil” , como diz o seu reitor, estamos no caminho certo.

Não obstante o fato do nosso parque industrial ter produzido US$ 41 bilhões no ano passado, e termos os incentivos fiscais prorrogados por mais 50 anos, isso não nos garante um lugar tranquilo no futuro. Por quê ? Porque "Só com uma mudança tecnológica efetiva na matriz de nossa indústria é que vamos concorrer no novo mundo do século XXI."

Em resumo, o que fazer ? Primeiro devemos ficar atentos para participarmos efetivamente, já que somos uns dos maiores parques industriais desse país, de uma possível política industrial visando mudar a matriz produtiva; vamos tentar nos inserir nessa revolução na educação, inovação e infraestrutura, proposta por José Dirceu. Para isso precisamos de todos os nossos parlamentares.
E como se inicia um parque tecnológico ou intensivo de conhecimento ? O mesmo que fizemos para atrair empresas para o nosso distrito industrial, mas agora o objetivo é atração de outro tipo de indústria. Fornecendo toda a infraestrutura necessária, de transportes, tecnologia de informação e comunicação (IT&C), empresas de venture capital (que andam de mãos dadas com firmas inovadoras) e institutos tecnológicos ou universidades (se tiver uma única muito boa, serve) em seu entorno produzindo conhecimento, transferindo-o para a indústria, fornecendo, sobretudo, uma massa crítica de mão-de-obra especializada. E isso não se consegue em curto prazo de tempo, obviamente que não. Vamos ver em breve e de forma detalhada, que o projeto CT-PIM - iniciado há dez anos, mas que anda a passos de cágado, por falta de recursos - pode ter sido o passo inicial de todo esse processo.
O primeiro passo é nos conscientizarmos do que precisa ser feito. Muitos autores aconselham a se procurar uma âncora (é essa a expressão. da mesma forma que se diz para uma grande loja num shopping center); se ela concordar em se instalar, ela trará uma dúzia de fornecedores satélites. Se ela der certo, competidores viram atrás, tanto quanto inovadores em outras áreas.

Eu ia citar alguns exemplos, mas sugiro ao e-leitor que entre no Google e procure por technology ou science parks, ou visite os sites daqueles que já citei aqui, em vários textos, diversas vezes. No Google você vai encontrar vários exemplos, inclusive o Techno Park Campinas (http://www.technopark.com.br), e surpreenda-se em saber que eles também oferecem incentivos fiscais.
Campinas e seu entorno é praticamente a única aglomeração industrial no Brasil que recebe o nome de Knowledge-based cluster dos pesquisadores estrangeiros, em livros e na literatura especializada.

O que este post propõe, em síntese, é a criação de uma nova área física, administrada pela Suframa, que chamaria (apenas uma sugestão) de Polo Tecnológico de Manaus.
Espero que o e-leitor não perca o foco, e pense que não tenho ideia do que isso significa. Simplesmente fico sugerindo coisas aqui como tivesse uma varinha mágica: diz para a Suframa fazer isso e pronto. Quando digo para não perder o foco, chamo atenção, que difícil ou não, não sou o único a pensar nesta necessidade. O que José Dirceu disse foi para a indústria nacional, e nós fazemos parte dela. E porque ele disse, é verdade ? Sim, porque ele não é o único a dizer isso.
Em debate realizado sobre o assunto no auditório do INPA, em setembro do ano passado, onde os palestrantes eram economistas, ex-secretários de Estados, empresários, pesquisadores, etc., todos mostraram apreensão quanto ao futuro da ZFM. Na ocasião - vou repetir o que já disse antes - ninguém soltou fogos, embora contentes, com a notícia de que a ZFM foi prorrogada por mais 50 anos, porque sabemos que isso não será suficiente para garantir a nossa competitividade, ou segurar empresas no PIM.
E quando digo da necessidade de Polo Tecnológico de Manaus, não estou me referindo somente à atração de indústrias de produtos eletrônicos de consumo, mas de farmacêuticos, de um polo de biotecnologia, ou de um polo de petroquímica. O jornal A Crítica noticiou em 14.03.2012: "Pesquisa desenvolve biocombustível a partir de espécies vegetais da Amazônia". Nós temos de identificar qual é a nossa vocação. Já escrevi antes: “Em 1995 a pequena Cingapura tinha 45% do mercado mundial de discos rígidos para computadores e o condado de Ringkøbing, na Dinamarca, com apenas 120 mil habitantes, no mesmo ano, possuía 60% do mercado mundial de turbinas eólica.”

Adjunta de Inovação Tecnológica

E para melhor desenvolver essa missão (opino na qualidade de cidadão, e palpiteiro de plantão, foi exatamente com essa intenção que criei esse blog), me parece ser necessário à criação de mais uma superintendência adjunta na Suframa, algo como adjunta de Tecnologia e Inovação. Uma adjunta menos voltada para as atividades meios, mas mais voltadas para as atividades fins, que trabalhe na missão de montar esse novo parque. Uma que coordene as atividades do CAPDA (em nível local, posto que ele é coordenado por um representante do MDIC) e fiscalize os incentivos da lei de Informática, dos recursos que trata o inciso II do § 4o do art. 2o da Lei no 8.387, de 1991 (Fundo Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico – FNDCT); conectada ao CT-PIM, e ao CBA, que agregasse o departamento de Gestão Tecnológica, que faça um liaison com as universidades e centros de pesquisas, com instituições como a ANPEI, Associação Nacional de Pesquisa e Desenvolvimento das Empresas Inovadoras; com ABIPTI, Associação Brasileira das Instituições de Pesquisa Tecnológica e Inovação (ABIPTI), com as pesquisas da UEA, da UFAM e INPA, com a SECT, FAPEAM, com as incubadoras já implantadas (UFAM, FUCAPI, CIDE, IFAM), que criasse um fórum de debates permanente, coisa que Suframa nunca teve.

Exposição e Conferência Mundial
A Suframa, junto com outras instituições locais, vai participar, como convidada, da Expocomer, no Panamá, "O evento, que começa no próximo dia 21 [vai até o dia 26], no Centro de Convenções Atlapa, na Cidade do Panamá, contará com um Pavilhão Brasileiro promovido pela Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (Apex-Brasil), com apoio da Câmara de Comércio Brasil-Panamá e da Embaixada do Brasil naquele país." Informa o site da Suframa.
Motivado por tal notícia ( obviamente que não é a mesma coisa), me empolgo e proponho que a Suframa seja a host city da 16th Annual Globol Conference sobre clusters, no mesmo período da VII Feira Internacional da Amazônia, em 2013. Essa conferência, coordenada pelo The Competitiveness Institute -TCI (http://www.tci-network.org), é o mais importante encontro mundial de debates sobre clusters. Onde pesquisadores, administradores de clusters, empresários, policy markers, etc. se encontram anualmente. Esse ano, sua décima quinta edição ocorrerá, de 16 a 19 de outubro, no país Basco, na Espanha. É muito comum em cada edição ela mudar de continente; ano passado, foi na Nova Zelândia, e em 2010, na Índia. Seria um muito bom para todos nós aprendermos como quem já passou por situações com a que nos encontramos (dê uma olhada no PS6). Seria um bom teste para a nossa cidade, receber um evento internacional desse porte, um ano antes da Copa do Mundo, no ano da Copa das Confederações. Acredito ser mais útil, para a Suframa e para a nossa cidade, uma conferência deste tipo, do que o encontro realizado no período da Feira, chamado Minapim, onde se discute "micro e nanotecnologia do Polo Industrial de Manaus".E isso existe ? Esse encontro tem sempre palestrantes internacionais, expondo nanotecnologia utilizada por eles. Pagos por quem ?
A inscrição para ser a host city está aberta:"Open invitation for proposals to host a TCI conference in 2013 (http://www.tci-network.org/news/card/395).

Finalizando

Termino com um texto de meu amigo Antônio Botelho ( o sujeito que mais publicou livros sobre a ZFM) escrito em 2003 para os seus alunos da CESF/FUCAPI na disciplina Política Industrial e Inovação Tecnológica.
A SUFRAMA tem um papel estratégico neste direcionamento, especialmente pela postura pró-ativa com que vem agindo desde que superou sua simples competência de administrar incentivos, agregando valor com a função promoção de investimentos, agora incrementada com os vetores da tecnologia e do comércio internacional.

A Suframa tem de liberar sim, mas sem o apoio de todos, dos parlamentares, da classe empresarial, dos sindicatos - considerando a enorme dificuldade da tarefa - ela não logrará êxito. E quando o assunto é a sobrevivência do PIM, ele não tem dono, é assunto que diz respeito a todos nós.

Cláudio Nogueira

Post Scriptum

PS1 - Mudanças para indústria brasileira ao século XXI:

PS2 - Urge enfrentarmos o desafio da economia mundial:
http://www.zedirceu.com.br/index.php?option=com_content&task=view&id=14703&Itemid=2

PS4 - Sistema Paulista de Parques Tecnológicos - SPTec, criado pela Secretaria de Desenvolvimento Econômico, Ciência e Tecnologia:
http://www.investe.sp.gov.br/porque/porque_parques_tecnologicos

PS5 - International Association of Science Parks - IASP - Aqui você encontra definições em várias línguas:
http://www.iasp.ws/publico/intro.jsp

PS 6- Sugestão de leituras:
- Clusnet Final Report - Organising Cluster for Innovation: Lessons from City Regions in Europe:
http://www.tci-network.org/media/asset_publics/resources/000/004/170/
- Collective Goods for Reformatting the Rio de Janeiro Software Cluster into a Local Innovation System, por Antônio José Botelho, Alex da Silva Alves e Glaudson Mosqueira Bastos, capítulo 5 do livro From Agglomeration to Innovation - Upgrading Industrial Clusters in Emerging Economies, editora IDE-JETRO (Institute of Developing Economies e The Japan External Trade Organization), 2010.

3 comentários:

  1. Antônio José Botelho18 de março de 2012 às 12:11

    Nogueira,
    Em que pese à citação que muito me honra e a plena articulação da reflexão com a linha mestra concernente (mudança da matriz tecnológica do PIM) opino que:
    1 Na minha opinião não cabe uma adjunta pois tecnologia e inovação é uma área estratégica (teríamos uma adjunta para cada área estratégica?)
    Dois considerando um entendo que a linha mestra da reflexão ficaria mais robustecida se:
    2.1 argumentasse a necessidade da implantação plena e imediata do CT-PIM & parqtech
    2.2 e/ou a potencialização da coordenação geral de gestão tecnológica (CGTEC) que já existe para a realização de todas as funções que corretamente abordastes que a propósito podem ser consideradas inseridas em suas competências institucionalizadas.
    Portanto já temos institucionalidade para avançar no sentido da mudança da matriz tecnologia (CT-PIM/parqtech e CGTEC) faltam recursos para empreender as competências do CGTEC e implantar o CT-PIM.
    É minha opinião
    Sempre Luz! Antônio José

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  2. antôniojosébotelho19 de março de 2012 às 09:00

    Poderoso
    Gostaria de registrar um post scriptum quanto a necessidade de conferir um CNPJ ao CBA no sentido de este deve ser considerado peça fundamental e indispensável para a mudança da matriz tecnológica na medida da convergência entre microeletrônica e biotecnologia.
    A emancipação do CBA está se equiparando à lentidão com que o capital social de Manaus colocou o sistema SECT/FAPEAM para rodar, na medida sua ideia criadora é de 1996 e estamos caminhando para uma década a passos lerdos, muitos lerdos como também chamastes a atenção quanto ao CT-PIM.
    Ou seja, o que é importante como função portadora de futuro não entra na agenda de prioridades.
    E mais: o capital social deve se organizar para cobrar efetividades no mercado, isto é, qual a inovação, qual a melhoria que tais capitais intelectuais [CT-PIM + CBA] contribuíram uma melhor produtividade e para a sobrevivência das firmas de capital local. E não estou falando da inovação relativa a alta ciência, a alta tecnologia associada aos laboratórios centrais que gastam U$ 1 bilhão de dólares em 10 anos para a introdução de um produto no mercado. Estou falando do processo que growing up, outro conceito caboclo-tupiniquim elaborado para tentar explicar a possibilidade de construirmos uma trajetória tecnológica alternativa via AMAZONIDADES como resposta às mudanças climáticas, numa perspectiva de 100 anos, cujo marco regulatório permanentemente em construção seria gerenciado pelo Conselho Político-Estratégico para o Desenvolvimento Industrial e Tecnológico do Amazonas.
    Sempre Luz! antôniojosé

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  3. Prof. Claudio
    Lembro que ao começar a faculdade de engenharia não tinha a minima ideia de como seria meu futuro mercado de trabalho, porém após alguns anos de faculdade se aproximava o período de estágio acadêmico e então nessa época a “menina do olhos” eram as empresas de celular e também as de eletrônicos. Quando efetivamente pude procurar estágio percebi que essa tendencia mudou para o polo de duas rodas, e lá fui eu descobrir que nosso PIM era na verdade um polo montador, mesmo apesar dá mencionada lei de incentivos fiscais para a inovação, que pouco conheço sua efetividade.

    Acabei percebendo que esse paralelo se faz em relação aos comentários da drástica mudança entre "a evolução de features em uma motocicleta com um aparelho celular", visto que algumas empresas já não tinham nosso polo como referencia para tão evolução algumas empresas foram se afastando.

    Lembro também que na época de faculdade e estágio tinha uma amiga que tentou explicar-me sobre seu projeto de pesquisa sobre Cluster, o qual minha ignorância permite apenas saber um pouco mais a respeito do que na época, onde acabei por perceber em qual contexto estava inserido e precisaria então evoluir, dada a realidade vivida em um mero polo montador. Mesmo inserido em uma universidade de engenharia publica do estado onde, como comentei a pouco, pouco tinha a mostrar a tendencia de nosso futuro, ou meus colegas e eu estávamos míopes naquele momento.

    Passado minha faculdade saí do polo montador e hoje trabalho em uma revenda de máquinas pesadas e pelo comodismo passei a ser apenas telespectador de nossa evolução, ou involução, tecnológica real no PIM.

    Sorte ser mais um e-leitor que ao assistir algumas reportagens sobre Terras Raras e a briga entre UE, EUA e Japão contra a China na OMC pude associar a matéria em que em nossa região temos informações geológicas sobre alguns desses 17 elementos químicos, mas que precisam de investimentos para que possa ser explorados, não obstantes a necessidade de pesquisas científicas e conhecimento técnico acadêmico.

    Professor, fica a pergunta, de como poderíamos saber se essas terras seriam uma solução para o PIM se a maioria de nossos alunos de engenharia ainda não ouviram a palavra Cluster. Ao menos já temos os isentivos fiscais...

    Obviamente ao fazer essa pergunta já se tem um direcionamento a resposta em seu texto acima. Acredito que nosso professor possa ter uma informação bem mais consolidada para quem sabe nos ensine um pouco mais sobre esse mercado que é dominado em 97% pela China.

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